
Já está no ar no canal dos nossos parceiros da Sport Connection o segundo episódio do programa “Confraria da Porrada”, que reúne amigos e faixas-pretas de Carlson Gracie para uma resenha sobre o passado e o presente do mundo da luta. Desta vez, o tema abordado foi a crise do MMA brasileiro.
Além de não termos substitutos concretos para os ídolos que se aposentaram recentemente, como Rodrigo Minotauro, e para os que estão prestes a se aposentar, como Anderson Silva, Vitor Belfort e Wanderlei Silva, não temos nenhum campeão masculino no principal evento de MMA do planeta.
Muitos especialistas apontam para um estagnação no tempo. Ou seja, Brasil não teria acompanhado a evolução do MMA no mundo. Para o comentarista e ex-lutador Carlão Barreto, um dos motivos seria aquilo que ele chama de “cultura do mestre”.
“Aqui tem muito a cultura do mestre, e essa cultura do mestre às vezes se contrapõe à evolução do MMA. MMA não é arte marcial. MMA é um esporte de combate em que os caras têm que ganhar dinheiro, é um esporte profissional. Você ser fiel no Jiu-Jitsu, no Muay Thai, no Kung Fu… é lindo você ter seu mestre. Só que no MMA é outra história, você precisa de treinadores, não de mestres. Você precisa de um mentor, obviamente, um head coach, e ele nem precisa ser muito bom na luta”, disse o comentarista do Canal Combate. “O que acontece com alguns treinadores é ficarem presos nessa cultura do mestre, que ‘eu sei tudo, eu sou o oráculo e os caras têm que ficar de baixo do meu tentáculo’. Infelizmente é assim para muitos. Não estou falando dos tops, estou falando na base, lá na academia do interior. O cara tem que ter uma humildade de querer aprender, de buscar informações com outros treinadores, de ver vídeo, estudar, pegar o dinheiro que às vezes ele ganha e dar um pulo nos Estados Unidos, viajar”.
Carlão Barreto cita o futebol como exemplo, onde os treinadores brasileiros, após o histórico 7 a 1 sofrido pela Seleção Brasileira diante da Alemanha na Copa do Mundo de 2014, passaram a ser cobrados para irem à Europa entender a evolução do esporte.
“Hoje o treinador é um gestor de pessoas, ele tem que ter um pouquinho mais do que conhecimento do kata, do armlock, da queda, do soco… ‘O cara não sabe dar um soco assim…’. Não, não é só um soco assim. Esse soco, de repente um uppercut, aonde é que ele entra? É quando o cara dá o double-leg, entra quando o cara dá um soco? O cara tem que entender toda essa dinâmica de outras modalidades, mas ele precisa ter um estudo para isso”.
Faixa-preta de Carlson Gracie assim como Barreto, Conan Silveira, líder da American Top Team, lembrou que seu mestre incentivava o intercâmbio em outras modalidades desde a época do Vale-Tudo. Para Conan, a maioria dos treinadores precisa abrir a mente em benefício dos atletas.
“Falta uma preparação (por parte dos treinadores), a acomodação é enorme, falta um interesse dos coachs – e hoje em dia todo mundo é ‘coach’, todo mundo entende de luta, – em ter uma preparação para desenvolver um atleta e para, principalmente, se desenvolver. Você não pode fazer nada por ninguém se você não souber quem você é, o que você conhece, se você não estudar”.
Além de Carlão Barreto e Conan Silveira, também participam da mesa Bebeo Duarte, Cao Monteiro, Dudu Ferreira, Marcelo Alonso e Marcelo Tetel. Carro-chefe do programa, o episódio também traz um causo muito engraçado envolvendo a lenda Carlson Gracie.
Fonte PVT