Antonio Arroyo difere do esterótipo do lutador de MMA do Brasil. Formado em Administração, trabalhou como assistente de marketing e corretor de imóveis. A rotina engessada não o agradava. E foi ao conciliar emprego e treinos na academia que se viu obrigado a tomar uma decisão que mudaria para sempre seu rumo: abriu mão de uma carreira tradicional para buscar seu lugar ao sol nas artes marciais mistas. E o peso-médio, que enfretará Diego Gaúcho, no Contender Series Brasil, o “Peneirão de Dana White”, não se arrepende, afinal, respira o esporte.
– Não faço nada além de estar treinando, vendo vídeo de luta. Se for olhar minhas redes sociais é só vídeo de luta, é sempre procurando alguma coisa nova. Acredito que até os pensamentos mudam. Todos os profissionais têm um pouco disso, né? A tua cabeça só gira em torno disso um pouco. Às vezes, dormindo, tenho sonhos e espasmos imaginando situações de luta. Então, o MMA é a minha vida, não seria outra coisa. Eu não largaria a luta de jeito nenhum, é a minha paixão – declarou, em entrevista ao Combate.com.
Fã de Lyoto Machida, Antonio Arroyo, que mora em Belém (PA), aposta na criatividade dentro do octógono e nos chutes plásticos para impressionar Dana White, que assistirá às 15 lutas do programa do UFC próximo ao cage.
– Sou bastante criativo nas minha combinações e nas movimentações. Troco de base, mudo ângulos e chuto quando você menos esperar. Sou um atleta rápido, com chutes excelentes, plásticos. Sei que o UFC gosta de lutas soltas, movimentadas, de finalizações e de nocautes. Meu estilo se encaixa perfeitamente nisso, porque as minhas oito vitórias foram no primeiro round.
Antonio Arroyo está antenado em relação ao poderio de Diego Gaúcho na trocação. Entretanto, prevê um nocaute diante do compatriota, que jamais perdeu pela via rápida.
– Vou manter a luta em pé e trocar porrada. Vi algumas lutas dele de muay thai, é bastante forte nessa área. Achei isso bacana, porque vou ter a chance de mostrar a minha trocação. Ele parece ser bom, um cara resistente, mas assistindo às lutas dele eu percebi que posso pegá-lo, que posso nocauteá-lo. Na última luta dele eu vi que ele sofreu knockdown, mas foi em uma luta de muay thai. A diferença é que na luta de MMA ele não vai ter dez segundos para se recuperar. Quando ele cair, vai ser de vez.
Quem vencer o confronto terá a possibilidade de ser contratado por Dana White. E, se esta luta pode valer o contrato com o Ultimate, Antonio Arroyo comemora por se deparar com um cenário bem distante do que encarou no começo de sua carreira no MMA, quatro anos atrás.
– Já lutei até por R$ 300. Se você parar para pensar, isso não é nada. Não dá para passar duas semanas com R$ 300, uma semana, dificilmente. As organizações de MMA do Brasil não tem a estrutura necessária para pagarem bem ao atleta, para fazerem um evento de maior porte, como um incentivo do esporte por grandes empresas, grandes patrocinadores. Muita gente ainda nao vê o MMA como um simples esporte, como é o futebol, o basquete… As pessoas, às vezes, ainda enxergam como briga, como uma coisa violenta e sem propósito.
Arroyo, que visitou o Instituto de Performance do UFC, em Las Vegas, onde encontrou lendas do esporte, como Forrest Griffin, garante estar empolgado para buscar sua nona vitória.
– Estou motivado no nível máximo que uma pessoa pode estar. Estou correndo atrás disso já tem seis ou sete anos. Mais motivação do que isso ninguém pode ter. É estar a uma chance, a um tiro do teu sonho, de tudo que está fazendo há seis anos. É esse momento, uma chance, você tem que ir com tudo. É uma coisa que só de pensar já deixa a gente eufórico.
O Contender Series Brasil terá três episódios no total, com cinco lutas em cada um. O Canal Combate transmite às sextas-feiras, 19h. A Rede Globo exibe uma versão reduzida do programa, apresentada por Felipe Andreoli, aos sábados, após o “Zero1”. O SporTV reprisa o programa na íntegra às segundas-feiras, 22h.